8 de abr. de 2012

SHAME (2011)


Marcel 
           Moreno
           Vivemos em um mundo cheio de cobranças, padrões, estereótipos, gostos e obsessões, mas de fato pouco conhecemos dos outros, o que são  e o que fazem quando não estamos olhando. Expostos a tudo isso temos que driblar o excedente mundano, incluindo nossas vidas, nossos valores, nossos objetivos e quem buscamos para nos relacionarmos. Dentro de tudo isso há quem critique, quem concorde e quem abomina qualquer coisas que se refira a sexo. Shame, como o título, nos remete a algo que deve se temer e esconder, mas até que ponto o vicio pelo sexo como algo usado simplesmente para conseguir prazer momentâneo deve ser algo a ser escondido ou ter vergonha? E ate que ponto nosso gosto pela coisa deixa de ser mero gosto para ser uma patologia?




         Brandon não é um homem que vê no sexo algo como "a consequência de gostar tanto de alguém que acaba se entregando de corpo a outra pessoa", ele vê o sexo apenas como algo obsessivo. Não podemos dizer que é para ele um escape da vida, mas também não podemos afirmar que isso possa ser consequência de algum trauma. Seus problemas aumentam quando sua irmã - seu oposto - aparece na sua vida e invade seu espaço. Sissy é uma mulher que tem a carência como seu maior defeito, fazendo até mesmo que ela desmanche alguns relacionamentos. Tudo que para ela significa alguma ligação como família, amor e sexo, para ele é algo desnecessários e inconcebível.


         Mas Brandon não enxerga todas as mulheres como objeto de serventia única para o sexo, alguns casos o deixam transtornado a ponto de o fazer brochar, fato este que talvez signifique uma possibilidade de ele gostar tanto, ou se sentir mexido, que se recusa a abusar de alguém que esteja buscando o afeto como objetivo e o sexo como a ferramenta. Quando há momentos de extremo arrependimento ele recomeça o ciclo que parece não ter fim. Mesmo em momentos que possam deixa-lo traumatizado, ele remonta todo seu vicio e o esquematiza em leveis para fazer tudo de novo.


         A exposição de excessivas cenas das mais variadas possibilidades no sexo coloca o telespectador em uma situação de overdose sexual, causando uma sensação de algo banal, de algo repetido, o mesmo do mesmo; E é justamente este sentimento que é demonstrado pelo ator, um sentimento de nada mais do que um prazer passageiro que precisa aumentar suas doses com o passar do tempo para ter efeito, e isso porque o prazer para ele era nada mais do que o carnal, o que desfigura o real intuito do sexo como sendo uma consequência daquilo que é bom e prazeroso, como o ápice de tudo.


         O seu apartamento sempre com um visual branco clean e seu gosto pela organização contrasta com tudo que há de mais sujo, e não um motivo de vergonha, que passa por trás da tela do seu computador. A imagem criada pelo personagem como um homem bonito, sedutor e bem sucedido, esconde as possibilidades de caminhos na busca do prazer escolhidas por ele, por gosto ou por achaque, de alguém que é apático a tudo o que se refere a relacionamento seja ele em qualquer nível. O que fica em aberto é o que levaria o personagem a agir desta forma; O que poderia ter acontecido no seu passado e causado este distúrbio. Sua vida passada para nós é um completo mistério, assim como sua vida presente é aberta somente para nós e uma incógnita a todas as mulheres que cruzaram seu caminho na busca de afeto e encontraram somente o sexo como única possibilidade de qualquer contato mais íntimo com aquele indivíduo.


          Shame é um filme interessante que mostra a vida de alguém que tem como habito fazer coisas que geralmente alguém abominaria. É justamente ai que o diretor nos pega levando os telespectadores do estado excitado para o estado monótono, como o é para o Brandon. Nem tudo na vida é da forma que enxergamos. Nem tudo é da forma que esperamos. A carência excessiva de uns é a carência de outros desapegados aos relacionamentos e aos prazeres da presença. Este filme nos ganha pela qualidade das montagens que vai nos conduzindo a um mundo desconhecido, acreditado pecaminoso, mas na verdade é um mundo que muitos gostariam de vivenciar e se aventurar, mas que a sociedade condena. 

Título Original: Shame
Título no Brasil: Shame
país de origem: Reino Unido e Grã Bretanha
Ano de Lançamento: 2011
Direção: Steve Mc Queen

3 comentários:

  1. Só digo que eu preciso ver esse filme!!!!
    bjks

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  2. Legal sua resenha sobre este filme, achei muito interessante! Beijão, www.spiderwebs.tk

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  3. Filme excelente, um dos melhores e mais injustiçados do ano que passou...

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