25 de dez. de 2011

FELIZ NATAL (2008)



Marcel Moreno


                    FELIZ NATAL é o retrato de nossas famílias bagunçadas, da nossa sociedade sem valores e da vida mal cuidada. Apesar de Caio não ter uma vida maravilhosa, e nem ter feito muito em prol dela na sua juventude, foi voltando ao seu passado que ele pode se redescobrir e perceber quem ele era, foi, é. Ele não termina mudado, ele termina diferente, como quem aprende com os seus próprios erros.

                 A família de Caio não era nada peculiar, tem muito de outras tantas. Ele não tinha uma boa relação com ela por causa do passado. Ora tido como ingrato, ora como mais um irmão, ele foi o único que se distanciou da família e fez o que os outros não fizeram, algo não imposto, algo diferente. Como se a mudança da capital para o interior pudesse significar um fechamento de si em si mesmo. Podemos perceber a figura dos país. Os avós brigam por motivos que só fazem esconder sentimentos presos em seus peitos, um gostar quase que arrependido de ter dado o desfecho que deu, mas que agora não poderia ser mudado, estabelecendo quase que uma batalha pela busca da humilhação do outro. Os filhos, que agora figuram na posição de pais, nada são atenciosos. Se a mãe é dura e fria, o pai é atencioso, bondoso e familiar, mas se abstém de certas decisões. São pais que não tem tempo para os filhos, deixando-os a mercê das informações publicadas na internet, como se estas fossem as mães dos futuro, aquelas que fazem chegar em seus cérebros jovens todas as informações zeladas por alguém que quer o seu bem.


                Certo momento a matriarca da família tem uma semi morte que é quase uma passagem de alguém que pouco se importa com a vida, chegando a misturar remédios e bebidas, mas que após o acontecido, levanta ideias do que significaria o natal. Mesmo lutando para falar a mesa entre os familiares num almoço de natal, onde os filhos não dão atenção preocupadas com assuntos fúteis e a ilusão de que ela está louca, ela questiona: O que significa o natal? Não deveria ser uma reunião para lembrar o nascimento de Jesus? Deveria, mas o que se vê é um comilança generalizada e a espera pelo presente. Assim se põe nossa sociedade aos olhos do mundo contemporâneo. Uma sociedade que não sabe mais avaliar as datas de reunião para pensar momentos que poderão ser melhores, mas usam de datas especiais para estimular o consumismo e a comilança, e quem questiona estes valores são taxados como loucos.


                Uma cena simples, porem forte, é a de uma criança brincando com um carrinho, que pede licença ao nascimentos de Jesus para passar, andando no sinal vermelho e se estacando no sinal verde. Igualmente é o mundo que vivemos hoje. Vemos pessoas que agem quando deveriam ficar paradas, para pensar, raciocinar, refletir, ponderar, e outras que param quando deveria agir e de repente dar esperança, oportunidades, felicidade. E vivemos desta forma, com licença nascimento de Jesus, data a qual deveríamos rever nossos valores, e religião a parte, aproveitar a oportunidade de rever seus passos e o que podemos fazer para construirmos uma sociedade melhor, e passamos por cima em prol de nossos valores capitalistas, de um consumismo crescente em nossa vontade de ter tudo, quando o que falta na verdade não são os bens materiais, e sim os imateriais. Se pudéssemos comprar valores, estes amargariam tempos e tempos nas prateleiras, porque só se vende o que querem comprar, é a lei de mercado.

                Este filme mostra como nossa vida é feita de várias mortes e nascimentos ao longo de nossa vida toda. A cada momento podemos aprender mais e sermos diferentes, e que só depende de nós estas mudanças. A instituição família está falida, está saturada dela mesma. Enquanto a sociedade mudou seus valores, as famílias ficaram paradas no tempo com suas velhas doutrinas, sofrendo claro alguns ajustes aqui e outros acolá, mas nada que pudesse dar a instituição família uma outra estrutura mais forte para podermos inserir nossos filhos neste mundo sem que este possa ser facilmente corrompido com valores minados por um mundo perverso. Será então a sociedade auto destrutiva e perniciosa para ela mesma? Seria ela inimiga dela mesma? A cada momento da vida da gente nos deparamos com novas questões e frustrações. Como o significado de natal, que quer dizer nascimento, que todos possam renascer em vários momentos com pensamentos melhores, como seres melhores. Ficam aqui meus votos de feliz nascimento a todos que podem se reinventar e driblar a sociedade, para nunca perder e nem corromper a sua essência. Isto é um FELIZ NATAL.  

*Texto dedicado ao grande Luiz Santiago pelo belo presente que me deste.

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