13 de ago. de 2012

ALEM DA LIBERDADE – THE LADY (2011)



Por Marcel Moreno


“A arte das pessoas é o real espelho de sua alma” – Aung San

Um governo militar parece legitimo somente no olhar daqueles que deste conseguem algum benefício, mas aos olhos daqueles que sofrem opressão, censura ou perda da liberdade não passa de governos oportunistas e de semeadores de desigualdade, o qual o que impera é a sede por poder e motivada pela vontade de gerar ganhos, sejam eles financeiros ou em benefícios próprios, sobre a classe menos favorecida. Essa situação deplorável que se encontram alguns países é a mesmo que se encontra a Birmânia ou Mianmar, e só mesmo uma figura heroica para unir seu povo em prol da esperança de dias melhores.


                Aung San Suu Kyi (pronuncia: Aun San Su Ti), filha de Aung San, homem que liderou o fim da colonização britânica, seguiu os passos do pai para libertação do povo, investindo na luta pacífica através do dialogo inspirado nos discursos de Dalai Lama para salvar sua nação de uma ditadura militar. Após anos morando na Inglaterra, retorna ao seu país primeiramente para cuidar da mãe que está doente. Após sua chegada, se depara com um Estado que não respeita o seu povo, o pressiona, censura e massacra, principalmente seus estudantes e professores universitários, a principal força pró democracia do país. Diante de tal situação e sendo a tão aclamada filha de Aung San, Suu decide ficar e lutar pelos direitos humanos e a democracia desafiando o poder militar. Prestas para assumir a cadeira de primeira ministra de Mianmar, ela é condenada a prisão domiciliar, de onde não parou de comandar seu povo a exigir a democracia em seu país, abandonando até mesmo sua vida pessoal.


                Se as belas imagens de Mianmar fazem brilhar os olhos de turistas diante de uma flora com beleza incomensurável, para seus cidadãos, o paraíso é mera imagem deste inferno contundente que nada nem ninguém se salva. As belas fotografias e os ótimos enquadramentos das imagens ressaltam ainda mais a nossa visão, o contraste da situação do povo e a sua forma física. O vermelho é muito usado assim como em vários filmes asiáticos como FLOR DA NEVE E O LEQUE SECRETO (2011), sejam elas para representar as investidas socialistas desta guerreira, seja para dar alusão aos valores de Karl Marx ou para lavar o chão Mianmar com o sangue de seu próprio povo.


                Um dos grandes destaques do filme sem dúvida é a estrondosa interpretação de Michelle Yeoh. Ela consegue trazer a tona a simplicidade e calma da verdadeira Aung San Suu Kyi e a sua dificuldade de expressar seus sentimentos, qualidade esta que já pertence a personalidade da atriz por ser Malasiana filha de chineses.  Todo este universo de expressões corporais asiáticas tão opostas as expressões dos brasileiros, enriquece ainda mais o filme e demonstra a qualidade de Yeoh. Sua caracterização a deixa idêntica a líder política, nos deixando confusos ao longo do filme. As imagens reais do acontecimento não dão um tom de documentário ao filme e nem o empobrece, imagens essas que se confundem com as cinematográficas, tamanha a qualidade da produção.


                Esse pequeno pedaço emocionante da história da Birmânia ou Mianmar vai alem de mostrar um drama familiar ou acontecimentos dentro deste Estado. Nos incita a repulsa contra estes tipo de governo e nos mostra o lado real da ditadura, da opressão, da censura, da sede por poder sem limites, da direita conservadora, fato este que aconteceu em vários países do mundo nas décadas de 60 e 70. Se os EUA apoiavam as ditaduras com o intuito de prevenir que estes países se tornassem comunistas, foram eles que mais tarde solicitaram ao governo golpista que deixassem que Suu recebesse a visita de seu marido inglês ou a soltura desta líder popular, mas somente bem mais tarde, porque antes disso o governo americano nada fez esperando que com essa atitude pudesse estar abrindo espaço para influência da China em Mianmar. O filme mostra um passado birmanês que se mistura com o presente e clama por um futuro democrático e justo. Diante de tais fatos e brigas por direitos humanos que Aung San Suu Kyi pede a todos que usem sua liberdade para lutar pela liberdade de todos, ou morreremos sozinhos em uma sociedade vazia dentro dos nossos próprios mundos.

Título Original: The Lady

Título no Brasil: Alem da Liberdade

País de Origem: França, Reino Unido da Grã Bretanha e Irlanda do Norte

Ano de lançamento: 2011

Direção: Luc Besson

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