5 de jan. de 2012

GRASS - MACONHA (1999)


Por Marcel Moreno


               Este com certeza é um documentário muito diferente do que estamos acostumados a ver sobre a maconha. Ele não faz necessariamente uma apologia a droga, mas nos faz pensar em tudo que sabemos até hoje e todas as informações que a nós chegou por meio da mídia ou do governo. Em alguns momentos ele até levanta o debate sobre a liberalização do uso, mas indiretamente e mais ligado a subjetividade de cada telespectador, e muito diferente do trabalho apresentado no documentário QUEBRANDO O TABU (2011), onde basicamente quem assiste é levado a um pensamento mais aberto sobre o uso da erva. Não necessariamente quem defenda a liberdade de uso seja um usuário ou um defensor da droga, mas vale lembrar que todos somos livres para saber o que é bom para nós, e devemos, sem dúvida, lembrar que o nosso direito acaba quando o direito do outro começa.
                Por anos o governo dos Estados Unidos gastou muito dinheiro combatendo o uso da maconha, algo que chega em torno de 214 Bilhões só no período de 1980 a 1998, usados no combate ao usuário, construção de presídios, propaganda, etc, e o momento mais crítico, quando parecia que tudo iria ser como queria a maioria da opinião pública, foi no governo Bush. Um dos governos mais duros e conservadores foi o do Nixon, que caiu por terra por conta dos escândalos do presidente.

                Na área cinematográfica, Hollywood também teve sua participação. No auge do movimento contra o uso da erva, vários filmes como VICIO (1951), TEENAGER REVOLUTION (1966), ERVA DA LOUCURA (1936), SUA UNICA SAÍDA (1947) ou VIRANDO FUMAÇA (1978), zombando dos usuários e criticando o uso, ora engraçado, ora com dramas com direito a assassinatos, o cinema dava seu recado   na disseminação das ideias de proibição do uso. Inclusive alguns roteiristas se sujeitavam as censuras do governo quanto ao uso de roteiros que defendiam o uso, entregando-os, se rendendo assim as vontades do poder que coagia seus trabalhos que continham "mensagens erradas".

                No campo político e religioso não foi diferente. Alguns políticos usaram da descriminalização para se promover, ou mesmo a proibição como centro da propaganda política. Insclusive os Estados Unidos alegaram que todos os traficantes eram comunistas. Que a maior disseminadora da droga era a China Socialista. Que todo usuário era um comunista disfarçado. Tudo em torno de uma vontade de desestabilizar o governo norte americano. Na área religiosa, as igrejas foram as ruas para dizer que eram contra e que "satã é a erva atuando no seu espírito". E assim as informações foram se cruzando, se misturando, se midificando e chegou até nós talvez distorcidas ou sem nenhum embasamento, enquanto o cigarro e a bebida alcoólica são drogas lícitas e usadas por todos.



                Assim o habito dos imigrantes mexicanos que trabalhavam nas fazendas e fumavam maconha após o trabalho, se espalhou pelos Estados Unidos, atingindo o gosto do jovem americano rebelde e de muitos adultos, sendo diretamente usados pelos Hippies. O governo dos Estados Unidos usou do seu poder de influência para induzir a proibição do uso no mundo todo, sem ao menos, fazer uma pesquisa e acreditar nela. Desta forma o jovem com o intuito de ser aceito pelo grupo, passou a usá-la buscando zueira e diversão. Quando os governos vão aprender que proibição e uso de penas criminais não são a saída para desestimular o uso de drogas? Que o povo reage de forma rebelde contra censuras e proibições? Uma coisa é certa: Essa tática não é eficiente e nem nunca será. Como já escrevia Machado de Assis no conto A Igreja do Diabo: "- Que queres tu, meu pobre diabo? As capas de algodão têm franjas de seda, como as de veludo tiveram franjas de algodão. Que queres tu? É a eterna contradição humana".

Título Original: Grass
Título no Brasil: Maconha
Ano de Lançamento: 1999
Direção: Ron Mann


5 comentários:

  1. Sabe onde encontro para assistir...isso ia ser interessante !

    ResponderExcluir
  2. Vitor, vc consegue facilmente n internet digitando nos sites de busca .... braços ....

    ResponderExcluir
  3. Eu gostei bastante desse documentário, principalmente porque ele mostra a hipocrisia dos Estados Unidos de saber que não é a maconha a fonte dos grandes problemas e, ainda assim, insistir em culpá-la, atingindo desse modo as classes operários e os que vivem à margem da sociedade, sejam eles os mexicanos imigrantes ou os hippies, que inevitavelmente traziam uma mensagem bastante divergente do moralismo dúbio dos estadunidenses!
    ;)

    ResponderExcluir
  4. OLÁ..COMO DISSE VIM O VISITAR
    GOSTEI MUITO DE VOSSO BLOG
    DO CONTEÚDO E DA ESTRUTURA
    VIREI MAIS VEZES

    GRANDE ABRAÇO

    BRUNO

    ResponderExcluir
  5. Assisti...tinha razão é fenomenal. Matamos alguns mitos aqui em casa !

    ResponderExcluir