MAS TINHA MEDO DE PERGUNTAR
Por Marcel
Moreno
Sexo
sempre foi um problema conversar sobre. A nossa sociedade é uma falsa moralista
que fala de religião, casamento, sexo e prazer como uma só coisa, quando na
verdade são coisas totalmente diferentes, e a começar pela frase bíblica
pronunciada por milhões de pessoas no mundo todo “crescei-vos e
multiplicai-vos” a qual muitos sem entender levaram ao pé da letra, e mesmo
sendo de seitas diferentes, fizeram valer a palavra como os chineses e
indianos. Complicações sociais a parte, neste incrível filme, Woody Allen fala
da vida amorosa e sexual de forma cômica, sem economizar nas sacadas mais
hilárias que alguém, quando fala de sexo, pode ter. Com um texto impecável, o
filme prende a atenção dos telespectadores por explorar a vida sexual das
pessoas com assuntos muito longe do nosso cotidiano ... ou não ..... ou sim
.... enfim, um universo jocoso que só mesmo quem tem na veia a arte de fazer
rir com qualidade, ao mesmo tempo que nos faz pensar sobre o tema, consegue com
tanta maestria como Woody Allen.
O
universo sexual das pessoas é enorme, e mesmo que algumas pessoas consigam
dizer que entende tudo, esta se engana com uma mentira. Assim como em qualquer
vizinhança, um homem é flagrada traindo sua mulher e acaba perdendo tudo,
exceto pelo fato de que o personagem de Allen, um renomado doutor, comete um
adultério com uma ovelha. Mesmo que isso pareça surreal, podemos notar muitas
semelhanças com cenas da vida, uma vez que não entendemos por que alguns homens,
mesmo tendo dentro de casa verdadeiras deusas Afrodites, são capazes de cometerem
adultérios. O homem está condicionado a sempre buscar coisas novas - o que eu
aconselho que o façam com seus pares – para adentrar em territórios jamais
pisados, quebrando tabus internos e viverem novas experiências. Neste trecho o
excepcional diretor brinca com os nossos desejos mais íntimos e os limites que
podem ser alcançados pela busca da satisfação. Até que ponto somos capazes de
abrir mão de tudo para nos entregarmos aos desejos mais “estranhamente”
profundos?
Este e
vários outros temas são citados como por que alguns homens têm desejos de se
vestir de mulher ou algumas mulheres simplesmente são sentem prazer fazendo
sexo em lugares triviais, e mesmo que nos entregamos a uma busca incessante de
suas zonas erógenas – e agora usamos de toda nossa experiência – não é possível
encontra-los. Simplesmente são questão que variam de pessoa para pessoa. Da
mesma forma que cada reagiria como quando questiona se foi bom para o parceiro
ou parceira, e recebe a resposta de que foi melhor que respirar. A perversão
também é lembrada no filme, uma vez que ela faz parte da nossa vida. O que
gostamos de fazer que só mesmo quem sabe são os nossos pensamentos.
Por
último e não menos importante, uma sátira do pensamento do homem e como
funcionamos por dentro. Um dos ponto é o tratamento dado para a consciência versus
os preceitos da igreja, quando relaciona sexo antes do casamento, como se todo
o maquinário trabalhasse para evitar que qualquer intruso religioso acabe com
os interesses carnais, quando agimos sem pudor. A igreja representada pelo
padre, tenta interferir na mente com o intuito de fortalecer os conceitos
morais da falsa sociedade. Quando nos deparamos em uma das partes mais hilárias
do filme, que é quando um espermatozoide não quer sair com medo de ser um
simples movimento voluntário na busca solitária de um prazer sexual ou de dar
de cara em uma parede de látex, toca uma canção que mais parece um réquiem,
colocando uma nova visão sobre o homem, onde ainda poderemos encontrar algum
que não queira sair por sair e eu queira algo mais concreto. É neste momento
que Allen mostra o interior de muitos homens que somente vivem em busca do
prazer sexual, movendo-se para o sexo, raciocinando para o sexo, esquecendo-se
dos outros prazeres que um relacionamento a dois pode proporcionar.
Assim
vamos sendo guiados de forma engraçada por este universo presente nas nossas
vidas. O filme vai de como os homens pensam e as mulheres agem, de cientistas
loucos pervertidos a tetas gigantes e assassinas, desenvolvendo situações e
levantando questões acerca da igreja, consciência, sexo, vida, relacionamento, entre
outros. Tudo que você sempre quis saber sobre sexo coloca você no centro do
debate. Mas é muito complicado, se não impossível, prevermos tudo, sabermos tudo,
entendermos tudo, pois o homem vive uma completa transformação assim como o
universo. Cabe a nós conhecermos pelo menos a nós mesmos e sabermos o que
queremos e o que não queremos, sem avançar os limites para não esgotar com as
possibilidades, pois como diz Woody Allen no filme “em se tratando de sexo, há
coisas que devemos sempre ficar sem saber”.
Título Original: Everything
you Always Wanted to Know About Sexy
Título no Brasil: Tudo Que Você Sempre Quis Saber Sobre Sexo
Ano de Lançamento: 1972
Direção: Woody Allen
Considero este um dos primeiros filmes de Allen no qual percebemos o nascimento do estilo de comédia de costumes sarcástico que ele aperfeiçoaria em outras obras... apesar de ser irregular e um tanto desconexo, o filme é uma boa comédia... ele não é nem de longe um dos meus favoritos de Woody Allen, mas vale a pena conferir! O esquete da ovelha e o dos espermatozoides são impagáveis!
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Confira depois a minha crítica deste filme: http://sublimeirrealidade.blogspot.com/2011/06/tudo-o-que-voce-sempre-quis-saber-sobre.html