O período entre guerras que aconteceu por volta
de 1918 ate 1939, que inicia com o fim da Primeira Guerra Mundial e a ascensão
de Hitler ao governo alemão, deu inicio a um período artístico denominado
Expressionismo alemão. Dentro as artes que mais sofreram influência deste grande
movimento se destacam a pintura e o cinema. No cinema temos vários exemplos
como NOSFERATU (1920) de Murnau, O GABINETE DO DR. CALIGARI (1920) de Wiene e,
de acordo com algumas interpretações que são favoráveis ou não, temos
METROPOLIS (1927) de Fritz Lang no grupo de filmes desta corrente. Os filmes
desta época retrataram todos os sentimentos do povo alemão no termino da
guerra, seja na maquiagem, no cenário ou no seu modo esquisito de andar,
mostrando uma psicologia que agora figura, sobrepondo a imagem que outrora se
mostrou poderosa e, de certa forma, arrogante.
A
trama inicia quando Francis conta a outro homem sobre o caso de alguns
assassinatos que ocorreram em um vilarejo da Alemanha, que coincidiu com a chegada de um
espetáculo do Dr. Caligari, que tinha em sua atração Cezare, um sonâmbulo que
dorme por 25 anos e consegue prever o futuro. No decorrer dos
acontecimentos das mortes misteriosas, a policia acaba desconfiando do Dr. e
começam as investigações para descobrir a verdade. A trama é uma completa
loucura que não vale ser dita aqui para que o telespectador não perca nenhum
detalhe surpreendente que faz do filme um dos grandes sucessos do
expressionismo alemão.
As
características que classificam o filme neste movimento artístico alemão vão
alem da trama criada com o roteiro. O cenário é todo pintado e fabricado com
materiais bem simples e com bastante destaque entre o preto e o branco, e bastante
escuro, é que dão o toque sombrio, tenebroso, assustador e opressor ao ambiente;
As maquiagens dos personagens geralmente rústicas e com destaque em preto para
as dobras do corpo e para a área dos olhos, é que compõe o visual “zumbi” dos
personagens; Dentre várias outras características que o classifica para este
movimento, gostaria de ressaltar os modos grotescos que os personagens utilizam
para caminhar, ressaltando ainda mais seu estado mórbido, revelando tendências
para anormalidade dos sentimentos, um estado lastimável e sem rumo que a
população alemã estava passando naquele momento. Foi neste mesmo filme que
curiosamente Hitchcock se inspirou para fazer a famosa cena da faca no filme
PSICOSE (1960), conforme foto abaixo.
Contudo,
a importância do filme para o mundo cinematográfico quando olhamos seu roteiro,
é menos importante do que a forma como foi concebido, e isso não quer dizer que
a trama criada tenha uma péssima qualidade, muito pelo contrário, a trama
baseada em loucura é de extrema criatividade. Mas a forma como foi criado o
filme ressaltou bem a situação do povo alemão e seu sentimento após ser
derrotada na 1ª Guerra Mundial, a vinda das crises financeiras que devastou o país e a
ascensão do partido nazista. Todo o mise em scène junto com o cenário vão
colocar a nossa disposição as sensações que o povo estava vivendo aquela
época como medo, angústia, descrença, sofrimento e errante. Em meio a tanto
negativismo e baixa estima, e também descrença no próprio Estado, quantos não
seriam, assim como Cezare, hipnotizados, cegos, para fazer a vontade de Um Outro ... nazista, nacionalista e totalitarista?
Título Original: Das Gabinet des
Dr. Caligari
Título no Brasil: O Gabinete do
Dr. Caligari
País: Alemanha
Ano: 1920
Diretor: Robert Wiene
Acredita que eu ainda não asssiti a esse filme? Está há bastante tempo na minha lista, junto com A felicidade não se compra, mas simplesmente não me sinto motivado a conferi-lo. Tentarei vê-lo, ainda esse ano.
ResponderExcluir