Por Marcel Moreno
Se
um dos triunfos do cinema é poder nos contar o que aconteceu trazendo a nós
emoções reais, O Artista não fica devendo em nada quando o assunto é um pedaço
da própria história do cinema. A mudança do mudo para o falado teve tanto
impacto quanto quando o preto e branco perdeu espaço para as cores, ou, mais
presente a nossa época, quanto os Estados Perder Hegemonia para um país
emergente. Apesar de as emoções que brotam no nosso corpo são mais próximas do
romance, a história para quem tem entendimento do assunto é algo mais que
emocionante, é a oportunidade de vivenciar um dos momentos cruciais para o
destino desta arte tão presente em nossas vidas e que, pela crescente
fabricação de material de péssima qualidade, vai perdendo sua estrutura de arte
e passa a ser de mero entretenimento.
A
história de Georger Valentin e Pepe Muller transcendem os romances da época uma
vez que ele e ela representam o surgimento do som nos cinemas e a praticamente
morte do cinema mudo. George Valentin, charmoso e galanteador do cinema mudo,
alem de egocêntrico e narcisista, se vê em decadência quando sua produtora opta
pelo encerramento de trabalhos mudos, para dar inicio a nova era com vozes no
cinema; por sua vez Pepe Muller, uma atriz em ascensão muito talentosa, com uma
pequena ajuda de George Valentin, desponta como grande símbolo daquela que
seria uma das grandes transformações cinematográficas. Entre conflitos de
interesses, o cinema vai ganhando forma, e sons, momentos, e assim evoluindo
enquanto arte.
O
filme O Artista está cheio de pontos fortes a começar pelas belas atuações de Jean
Dujardin. Suas expressões faciais de impressionar dão um toque especial a
aquele que faria sucesso nos cinemas mudos. Suas caras de ora chateado, mas
fingindo estar feliz, ora recuperado, mas com face de quem está sem saber como
será o futuro, ou mesmo de narcisista apaixonado, faz dele um grande ator
merecedor de um Oscar.
As
homenagens feitas a diversos filmes é um outro grande fator que favorece o
filme. Podemos notar desde menções a Charlie Chaplin, grande diretor e ator do
cinema mundial; A METROPOLIS (1927), filme consagrado como uma das obras primas
cinematográficas com direção do grande diretor Fritz Lang; Ao próprio nome do personagem principal como homenagem ao ator Italiano Rodolfo Valentino, primeiro simbolo sexual com pinta de amante latino, que viveu nos Estados Unidos nos anos 20 e consequentemente na era do cinema mudo; E outras menções mascaradas e escondidas que emanam das telas para a nossa admiração e
reverência.
O
cinema enquanto arte tem vários poderes, inclusive de abordar e inserir valores
aos seus admiradores. Dentre milhos de Roteiros mal elaborados e sem
comprometimento nenhum com ideias que podem ser geradas nas mentes dos seus
telespectadores, surge O Artista com a história de um ator muito bondoso, mas
muito orgulhos, que acaba por perceber deixar ser ajudado, não é rebaixar seu
talento, é ter a oportunidade de vislumbrar novas possibilidades. Neste quesito
este filme também faz seu papel enquanto arte na construção de valores. Assim
como em várias películas que tiveram papeis importantes neste assunto, ele não
deturpa os valores do homem pela possibilidades de ganhos pessoais, e sim um
ganho de algo fraterno de uma mão amiga.
O
Artista esbanja charme, beleza, leveza, e tudo de belo do mundo
cinematográfico. Para ser um filme de verdade não basta produções milionárias,
tem que arte correndo. Um filme pelo dinheiro é mero entretenimento; A arte
cinematográfica vai alem do que a mente pode imaginar. É justamente a junção da
arte com o cinema que é possível compor belos trabalhos dignos de nossa
atenção. E mesmo na era de filmes digitais e produções 3D, um filme mudo e
preto e branco como este, o que manda não é modernidade em detrimento do velho,
aqui quem manda é a imaginação ... e o bom gosto claro!
Título Original: The Artist
Título no Brasil: O Artista
país de origem: França
Ano de Lançamento: 2011
Direção: Michel Hazanavicius
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