Marcel Moreno
Nesta película finda - ou
inicia - a história de Yusuf. Sua passagem pela infância pode explicar um pouco
do homem que ele se tornou e todas as suas descobertas sobre si mesmo ao longo
do percurso experimental da vida. Aqui está todo o estupendo talento de Semih Kaplanoglu na criação da trilogia Ovo-Leite-Mel
(Yumurta-Sut-Bal), onde o telespectador vai desvendando o drama da vida de
Yusuf seguindo primeiro pela fase adulta, depois pela adolescência e a
infância. Nestes momentos de passagem de uma fase para outra - ou fime - somos levados a descobri-lo
olhando seu futuro e buscando informações no seu passado para responder as
nossas questões.
Aqui Yusuf é uma criança doce,
tímida e forte, que vive com seu pai apicultor e sua mãe que trabalha no campo.
Se sua comunicação com a sua mãe ser quase zero e nunca aceitar o que ela diz
ou suas imposições, com o pai essa comunicação fui livremente entre um sussurro
e outro, sendo o pai sua ligação com o mundo. Yusuf tem uma vida normal, embora
já se mostra uma criança diferenciada. Por ser muito apegado ao pai, ele sempre
o quer por perto, e inclusive sempre o ajuda no trato com as abelhas, coisa
nunca faz com a mãe no campo. Sua ligação com o pai é tão forte que ele chega a
ter ciúme do pai com qualquer outra criança o deixando melancólico e mais
fechado com o mundo. Sua vida aqui muda com quando a presença do pai já não é
mais possível. Este momento é um dos seus grandes momentos, quando os laços
paternos se rompem e ele consegue realizar um dos seus objetivos. É neste
momento que o pequeno Yusuf dá seus pequenos passos as cegas para descobrir o
mundo por si mesmo, por si só.
Se formos falar de Yusuf em
particular, ele era um garoto que sabia, ele entendia a matéria, mas algo o
segurava, algo não o deixava ser quem ele era. A cada novo desafio que ele
gostava de receber, se sentia novamente preso, contido, se tornava fechado
novamente, sem coragem, com medo de se expor, de se mostrar. Contudo, ele era
um garoto obstinado, que sempre estava tentando transpor seus obstáculos.
Se fizermos uma analise
minuciosa de todas as imagens e símbolos que estão presentes no filme, deixaríamos
de fazer uma crítica, e faríamos uma monografia, se nos voltarmos para as
riquezas presentes nesta trilogia. Como nos outros, a fotografia continua
esplendorosa. Este não é um filme que se pode esperar ação e tensão e cenas
rápidas, quando assistir espere por cenas lentas, como se este filme estivesse
sendo exibido em uma galeria de arte. Contemple toda a magnitude das
informações diante dos teus olhos, deleite-se com os deslumbres da natureza da
terra ao som naturais dela mesma. As montagens das cenas são muito bem feitas,
e os curtes sutis dão um ar de passagem de um quadro para outro.
Vale ressaltar o soberbo
trabalhado realizado por Kaplanoglu com as crianças, a maioria que atuaou no
filme fez um bom trabalho, exceto o principal, que fez um trabalho ótimo. De
todos os filmes, a atuação de Bora Altas, o Yusuf criança, foi a melhor. Assim
como nos filmes japoneses, as expressões de Bora Altas não são analisadas pela
fala, uma vez que ele interpreta um garoto que pouco - ou nada - se comunica. Seus
sentimentos extravasam pelos olhos, são os olhos que expressão o que ele esta
sentindo e quer nos passar, ficando para a boca dar um apoio a expressão do
momento.
A trilogia Ovo-Leite-Mel deixa
para nós um trabalho digno de prêmios, como realmente ocorreu, para a história
cinematográfica. Este filme por ser de difícil analise não é para qualquer um,
e tão pouco para um profissional. Este filme é para o deleite de todos. é para
ser apreciado e contemplado, e me desculpem a repetição da palavra, mas só ela
define o que se é possível fazer quando uma película deste nível avança sobre
sua córnea, até chegar no seu cérebro, causando-te sensações e questionamentos.
Título Original: Bal
Título no Brasil: Mel - Um
Doce /olhar
país de origem: Turquia
Ano de Lançamento: 2010
Direção: Semih
Kaplanoglu
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