Este filme é mais uma das genialidades de Woody Allen quando
trata da psicologia humana. Primeiro contato com o filme e seu título
imaginamos mais um caso de adultério; Num segundo momento imaginamos que
poderia ser uma outra mulher a influenciar a vida da personagem principal. Toda
a trama nos remete a simples imaginações, o que configura algo totalmente
diferente ao término do filme. Alem disso temos um roteiro muito bem elaborado,
o qual faz o telespectador ser levado a questionar várias situações da vida, assim
como a própria atriz principal faz. Várias das questões que são abertas não são
fechadas durante o filme, o que faz com que fique para nós a respostas. Isso
tudo já era de se esperar tendo Woody Allen como diretor e roteirista.
Marion,
atriz principal, é uma diretora de uma escola de filosofia e está em recesso
para escrever um livro. Para realizar seu objetivo, aluga um apartamento, que
será usado como escritório, para desenvolve-lo. Ela tem uma carreira de
sucesso, sendo bem posicionada no trabalho, tem um casamento ótimo, uma amizade
com sua enteada que muito substitui a filha que ela não teve, tem um nível
intelectual avançado, além de ser bem sucedida. Até ai ela parece um personagem
comum. Porem o apartamento que ela alugou fica exatamente do lado de um
consultório psiquiátrico. Por um erro qualquer, ela consegue ouvir alguns
pacientes, o qual tenta evitar, até que ela se sente mexida com os depoimentos
de uma personagem. Depois disso sua vida muda totalmente e ela vai em busca de
seu auto conhecimento, o que proporciona descobrimentos avassaladores, com o
afloramento de seus questionamentos.
O ponto
forte do filme sem dúvida são os diálogos, ora ela com outras pessoas, ora ela
com ela mesma em formato narração off, o que enriquece o filme graças ao bom
roteiro e direção. Quando Marion começa a se questionar sobre o que deveria ter
feito ou o que ela poderia ter feito, sua vida se tranforma. O fato é que como
muitos, ela vivia sua vida sem se dar a oportunidade de viver o que ela
gostaria de viver, sem calcular consequências de escolha no amor, direcionada
pelo comodismo que a atual situação trazia. A crise existencial faz da sua
situação o auge da Marion com os velhos pensamentos, dando espaço para a
eminência de uma nova Marion.
Com
ótimas fotografias que mostram uma Nova York simples e comum, a vida desta
personagem vai se transformando, se mexendo, se conhecendo. A Marion encontrada
no começo do filme já não é mais a mesma Marion, e percebe que velhas oportunidades
perdidas não voltarão. Quantas questões deixamos passar apenas porque vivemos o
dia-a-dia sem pararmos para dar atenção as nossas vontades ou aos amores que
passam pela nossa vida. Esse drama vivido por ela não é algo longe da realidade
de uma sociedade que está em constante movimento de transformação, direcionada
cada vez mais para uma sociedade individualista, egoísta e capitalista como a
nossa.
Título Original: Another
Woman
Título no Brasil: A Outra
país de origem: Estados
Unidos
Ano de Lançamento: 1988
Direção: Woody Allen
Já quis resenhar A Outra, mas fiquei temeroso por ser uma obra extremamente complexa. Gostei da sua análise e concordo. É uma obra-prima e um dos cinco melhores do Allen!
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