Marcel Moreno
Se pararmos
para pensar, na vida não temos muitas certezas e ela mesma não é muito estável.
Estamos sempre entre o mito e o real, a dúvida e a certeza, sorte e azar, medo
e segurança, o arbítrio e o destino. Woody Allen nos mostra a vida neste filme
como um jogo de ping pong, em determinado momento uma bola pode bater na borda
da rede e cair para o lado que te traz um benefício ou algum prejuízo, e não necessariamente o que parece ruim o é, podendo até ser algo de sorte.
Chris é um
rapaz muito talentoso em ping pong, e não se sabe se por falta de se arriscar
ou se por azar mesmo; Não fez muito sucesso como profissional, tornando-se um
professor. Nesses termos acaba conhecendo uma mulher rica que se torna sua
mulher. Por intermédio de seu aluno, irmão de sua futura mulher, acaba
conhecendo Nola, sua possível cunhada, que o atrai e - muito - por sua beleza. Nola é
aspirante a atriz, mas com pouco sucesso, uma vez que apesar de arriscar muito
não consegue nenhum papel. Neste ínterim suas vidas se transformam nos fazendo
pensar que pode passar da sorte para o azar, ou do destino ao acaso, ou mesmo
produto das péssimas escolhas.
A grande
sacada de Woody Allen, que sempre nos surpreende com seus filmes, são as
jogadas com o que o senso comum acredita. O que para muitos é sorte e para outros
uma coincidência matemática, para outros pode ser destino e para outros ainda é apenas o acaso. Mas onde entra o livre arbítrio? O fato é que pensamentos
cristãos ocidentais onde somente Deus pode dizer do seu destino, pouco espaço
sobra para nós decidirmos o que podemos ou escolhemos ou interferimos. Esse misto de sorte, azar, escolha e acaso na vida dos personagens é que faz de Match
Point uma obra sem igual, chegando a nos confundir e nos perturbar com as possibilidades
que as nossas vidas podem ter quando colocamos alguns elementos como estes
citados e trabalhados no filme.
Alem disto que
é o ponto forte do filme, outros elementos completam esta obra como as belas
imagens da Inglaterra; O uso de operas como a trilha sonora, e em especial La
Traviata, música forte e tocante; E para os leitores de Crime e Castigo de
Dostoievsky, há ainda um toque a mais de referências e citações.
Contudo, o
telespectador após assistir este filme se não perturbado, fica confuso com o
final simplesmente surpreendente. Será que todas as ações são fortemente
influenciadas pela sorte? Ou somos mesmos guiados por uma força maior que dita
nosso destino. Ou ainda temos o poder de escolher, e tudo isso ligado a nossas
personalidades, objetivos e engajamento, podemos mesmo guiar nossos caminhos a
lugares nunca imaginados? Persistência, perseverança e garra são ferramentas fundamentais, e o talento é o primeiro passo para termos exito, temos a sorte como única em cada um como elemento, mas acima de tudo está a crença que cada um tem em si mesmo. Se o destino é pura sorte ou um produto das nossas
ações não sabemos, mas por um ou por outro, é preferível acreditar que quem faz
sua sorte é você!
Título Original: Match Point
Título no Brasil: Match Point – ponto Final
País: Reino Unido, Estados Unidos e Luxemburgo
Ano: 2005
Direção: Woody Allen
Perfeita a reflexão!
ResponderExcluirEu adoro este filme, acho um dos melhores da fase mais recente de Woody Allen! O clima opressivo e perturbador dele é um de seus melhores aspectos!
Gostei da sua proposta de pensamento, acho que ela é bastante válida. Também fiquei pensando acerca da sorte após o término do filme. Não acho que se trata de uma grande obra de Woody Allen, apesar de achar o filme interessante de se ver. Para mim, o grande mérito do seu texto é o seu texto, excelente, parabéns.
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